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Não sabemos o que comemos
Nos últimos cinqüenta anos, todos os alimentos destinados ao consumo humano carregaram crescentes doses de lento envenenamento,
minando as resistências do corpo humano, reduzindo suas resistências às infecções e facilitando a ação dos vírus e das bactérias.
Por: Carlos Matheus
Crer faz parte da vida humana. Sem crenças, seria impossível viver. Acreditamos em muitas coisas que não vemos. Acreditamos nas notícias dos jornais, nos ensinamentos de nossos mestres, na competência dos pilotos dos aviões e nas receitas dos médicos. Até mesmo para comer é preciso acreditar. Como duvidar da boa fé dos cozinheiros? Faz parte de nosso mundo tecnológico acreditarmos em tudo quanto nos informam os especialistas, os técnicos e os cientistas. No entanto, já está na hora de alertar para a falta de sanidade de nossos alimentos. Por desinformação e boa fé, a grande maioria da população se alimenta de produtos com elementos nocivos à sua saúde. Persiste um enorme desconhecimento a respeito do crescente uso de agrotóxicos.
Desconhecemos que estamos consumindo alimentos cada vez mais envenenados. Comemos a cada dia pequenos resíduos que estão minando nossa saúde, sem qualquer consciência do que está se passando. O uso de agrotóxicos vem sendo adotado não apenas de modo indiscriminado mas também vem sendo aplicado em doses cada vez mais maiores. Os agricultores foram persuadidos pelas indústrias e pelo comércio de agrotóxicos de que tais produtos são indispensáveis. Ocorre, porém, que os insetos visados pelos agrotóxicos perecem apenas nas primeiras aplicações. Por serem inúmeros e minúsculos, criam por si resistências às aplicações posteriores, exigindo doses crescentes para atingi-los em suas gerações subsequentes.
Durante muitos séculos, a humanidade consumiu alimentos produzidos com os próprios recursos fornecidos pela natureza. À medida em que se passou a buscar elevação da produtividade através da introdução de componentes químicos, passamos a ingerir alimentos que trazem substâncias aparentemente nocivas apenas aos pequenos insetos que atacam as plantas. A longo prazo, entretanto, tornam-se inofensivos aos insetos mas com efeitos corrosivos e deletérios para o organismo humano.
Nos últimos cinqüenta anos, todos os alimentos destinados ao consumo humano carregaram crescentes doses de lento envenenamento, minando as resistências do corpo humano, reduzindo suas resistências às infecções e facilitando a ação dos vírus e das bactérias. Buscando preservar ou aumentar sua produção, os agricultores têm sido assim levados a introduzir na alimentação humana produtos capazes de alterar fatores genéticos e facilitar o aparecimento de enfermidades de origem desconhecida. Estão sendo inocentemente coniventes com um silencioso crime que vem sendo praticado contra a espécie humana pelas poderosas indústrias de agrotóxicos.
Comemos, sem saber, alimentos intoxicados por produtos que causariam nossa morte instantânea, se consumidos em doses mais elevadas. Sendo diluídos em pequenas doses, sob a alegação de que o organismo humano expele aquilo de que não necessita, estes agrotóxicos efetivamente se acumulam ao longo do tempo e se tornam causa das novas e misteriosas enfermidades que atualmente atormentam e desafiam a medicina.
Há uma enorme ignorância não apenas dos consumidores mas até mesmo daqueles que se comunicam com os consumidores - jornalistas, médicos, deputados e nutricionistas - a respeito desta terrível ameaça. Acredita-se, ingenuamente, que basta lavar ou ferver os alimentos, para suprimir o efeito dos agrotóxicos. Estes são inevitavelmente consumidos porque são aplicados no solo e nas plantas, passando a fazer parte dos próprios frutos.
A proteção ao meio ambiente já se tornou um tema de grande unanimidade quanto à proteção à natureza e à preservação dos recursos naturais. Entretanto, muito pouco está sendo feito para extirpar o uso de agrotóxicos e para orientar a população sobre seus riscos contidos naquilo em que a natureza é mais diretamente responsável: a preservação da vida humana, através de alimentos realmente limpos e saudáveis.
Fonte IBD - www.ibd.com.br
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