
Uma
viagem pela história dos jardins
Por: Daniel Camara Barcelos*
Antigüidade
Introdução
Pode-se
observar que antes mesmo das primeiras civilizações, existiu
o "Jardim do Paraíso", onde Deus colocou Adão
e Eva. Em Gênesis I e II, é descrito como um parque "que
Deus plantou e onde se cultivavam árvores de todas as espécies,
agradáveis para se contemplar e alimentar". Assim, as árvores
foram veneradas pela fertilidade, vitalidade e o alimento que representavam.
Através dos fatos que a história da civilização
registra pode-se constatar que o oriente próximo foi uma das
regiões de grande importância, pois foi o berço
das civilizações. Estas civilizações antigas
contribuíram - e muito - para a evolução das ciências
e das artes. E não distante disto, o paisagismo evolui como expressão
artística.
Mesopotâmia
Situada entre os rios Tigre e Eufrates, a história das civilizações
relata que os assírios foram os mestres das técnicas de
irrigação e drenagem, criando vários pomares e
hortas formados pelos canais que se cruzavam. Mas este trabalho foi
abandonado em razão da invasão árabe. Sendo assim,
a forma e a distribuição do jardim se identificavam com
a prática da agricultura, onde a horta rodeada por um muro, podia
ser o protótipo.
Os textos mais antigos sobre jardins datam do terceiro milênio
a.C., escritos pelos babilônicos, descrevendo os "jardins
sagrados", onde os bosques sagrados eram plantados sobre os ziggurats.
É na própria Babilônia que se encontra a obra mais
marcante da jardinagem nesta época, sendo considerada pela humanidade
como uma de suas maravilhas: os Jardins Suspensos da Babilônia
que se caracterizavam pela supremacia dos elementos arquitetônicos
sobre os naturais.
As espécies utilizadas eram a tamareira (com a finalidade de
fornecer um microclima favorável a outras espécies), o
jasmim, as rosas, as malva-rosas, as tulipas e também álamos
e pinos que não suportariam viver num clima tão árido
e quente,mas só foi possível devido ao complexo sistema
de irrigação desenvolvido. O sentimento religioso estava
presente na arte dos jardins, onde acreditava-se que os jardins dependiam
da vontade dos deuses.
Egito
As
características dos jardins egípcios seguiram os mesmos
princípios utilizados na arquitetura deste povo. Eles só
surgiram quando as condições de prosperidade no antigo
império permitiram às artes (arquitetura e escultura)
um notável desenvolvimento.
De um modo geral, o jardim egípcio desenvolvido de acordo com
a topografia do Rio Nilo era constituído de grandes planos horizontais,
sem acidentes naturais ou artificiais. As características dos
monumentos egípcios - com a rigidez retilínea e a geometria
- fizeram com que os jardins tivessem uma simetrização
rigorosa. Tudo de acordo com os 4 pontos cardeais. As plantas utilizadas
eram: palmeiras, sicômoros, figueiras, videiras e plantas aquáticas.
O jardim regular era símbolo da fertilidade, sintetizava as forças
da natureza e era a imagem de um sistema racional e arquitetural baseado
no monoteísmo. Osíris para os egípcios era o deus
da vegetação.
Pérsia
Os
persas não criaram no mundo das artes monumentos originais. A
sua arquitetura foi, nas suas grandes manifestações, obra
de gregos. Os jardins dos antigos persas estavam, como as demais produções
artísticas, condicionados à influências estranhas
e revelavam, nos caracteres essenciais da composição,
elementos retirados dos jardins gregos e egípcios, uma espécie
de estilo "misto". Nos jardins eles introduziam árvores
e arbustos de flores perfumadas.
Os jardins persas procuravam recriar uma imagem do universo, constituindo-se
de bosques povoados por animais em liberdade, canteiros, canais e elementos
monumentais, formando os "jardins-paraísos" que se
encontravam próximos aos palácios do rei.
A introdução de espécies floríferas no jardim
criou um novo conceito na arte de construí-los, passando a vegetação
a ser estimada pelo valor decorativo das flores, sempre perfumadas,
do que pelo aspecto de utilidade que possuíam anteriormente.
A associação dos reinos animal e vegetal completava a
idéia do paraíso.
O jardim era dividido em quatro zonas por dois canais principais em
formato de cruz e na intersecção deste se elevava uma
construção que podia ser o pavilhão ou uma fonte,
representando as 4 moradas do universo. O jardim persa cercado de altos
muros feitos de tijolos, estritamente formal, era um lugar de retiro
privado, destinado ao prazer, ao amor, à saúde e ao luxo.
As plantas utilizadas eram: plátanos, ciprestes, palmeiras, pinus,
rosas, tulipas, narcisos, jacintos, jasmins, açucenas, etc.
Grécia
As raízes
fundamentais da cultura ocidental se encontram, não há
dúvida alguma, na civilização desenvolvida na Grécia
Antiga. O cuidado com as plantas provavelmente foi fruto do amor à
vida em pleno ar livre, obrigando a uma constante aproximação
com a natureza. Os jardins gregos, apesar de fortemente influenciados
pelos jardins egípcios , apresentaram diferenças notáveis
em razão da topografia acidentada da região e o tipo de
clima.
Os jardins possuíam características próximas das
naturais, fugindo da simetria dos egípcios. Desenvolviam-se em
recintos fechados, onde eram cultivadas plantas úteis, principalmente
maçãs, pêras, figos, romãs, azeitonas, uva
e até horta.
A introdução de colunas e pórticos fazia uma transição
harmoniosa entre o exterior e interior e o jardim era um prolongamento
das partes da casa, às quais ele se ligava. A sua principal característica
era a simplicidade. Os jardins também ficaram marcados por possuir
esculturas humanas e de animais mais próximas da realidade.
Roma
O império romano se estendia da Espanha (oeste) até a
Mesopotâmia (leste) e do Egito (sul) até a Inglaterra (norte).
Compreendia variedade de paisagens, climas e raças. Os romanos
não podiam ser incluídos no grupo dos povos que tiveram
a arte como forma de expressão. Eles se encaminharam para a história,
o Estado e o Direito.
A casa romana repetiu basicamente o modelo grego, sendo construída
no nível da rua, com as habitações voltadas para
dentro, comunicando-se por uma coluna, e abertas a uma praça
anterior. Os jardins foram objetos de atenção, mas apesar
disso, são falhos quanto à originalidade. Como características
de tais jardins pode-se ressaltar a grandiosidade e a magnificência
da composição, as perspectivas vastas, que empregaram
como prioridade, a decoração pomposa, a valorização
para fins exclusivamente recreativos.
Os jardins eram principalmente santuários sociais, onde se desfrutava
de proteção frente às moléstias do sol,
vento, poeira e ruído das ruas. A sombra projetada pelas galerias
com arcos reduzia necessidade de arvoredo. As plantas, quando existiam,
eram colocadas em maciços elevados e os pátios se ornamentavam
com tanques de pedra para água, mesas de mármore e estátuas.
Os romanos quando saquearam Grécia carregaram consigo também
seus monumentos e estátuas, e como não sabiam o que fazer
com a grande quantidade de estátuas distribuíram-nas pelos
seus jardins. De tal forma, que a ornamentação se generalizou
nos jardins romanos da época. Em conseqüência, tais
jardins são metódicos e ordenados, integrando-se às
moradias. como exemplo temos as cidades de Pompéia e Herculano.
As plantas utilizadas eram: coníferas, plátanos, frutíferas
como amendoeira, pessegueiro, macieira, videira e outras. Ciprestes,
buxos e louros-anão recebiam "topiárias", que
se caracterizavam por moldar arbustos em formas de figuras de variados
formatos e nomes.
A maioria dos jardins romanos também possuíam uma pequena
horta. Talvez por isso, a irrigação era planejada. A interpenetração
casa-jardim podia ser visualizadas nas vilas romanas localizadas nas
proximidades de Roma. Dentre elas, destacou-se a "Vila Laurentina",
situada a 30 Km de Roma, construída por Plínio, o Jovem,
onde plantou-se predominantemente figueiras e amoreiras, havia também
uma horta e terraço com flores perfumadas, próximo das
águas para assim se conseguir temperaturas mais agradáveis.
Outra de semelhante importância foi a "Vila Adriana",
construída em Tívoli para o Imperador Adriano, que perdurou
até antes da guerra de 1939. Estas vilas darão um impulso
definitivo para o grande estilo italiano.
China e Japão
Pode datar de 2.000 a.C. o início das atividades de jardinagem
na China. A jardinagem chinesa tem sua origem numa paisagem de rara
beleza e flora riquíssima. Os parques das casas dos antigos imperadores
não eram mais do que uma porção da paisagem cercada,
onde a tarefa do jardineiro limitava-se a ordenar o já existente.
Acreditava-se que no norte da China havia um lugar para os imortais.
Como o Imperador Wu não conseguiu encontrá-lo na realidade,
decidiu então criá-lo na fantasia. Dessa maneira surgiu
o jardim "lago-ilha".
No final do século VI, com o surgimento de um novo imperador,
um novo jardim "lago-ilha" foi criado: o Parque Ocidental,
com perímetro de 113 km e contendo 4 imensos lagos cobertos de
lótus e rodeados de chorões. Trabalharam na sua construção
1 milhão de pessoas. Monumentais palácios de cor vermelha
se ergueram no meio das rochas. Este cenário foi encontrado pelos
japoneses em 607 d.C. e, em poucos anos, o Japão tinha o seu
primeiro jardim "lago-ilha". Em 1894, para comemorar os 1100
anos da capital Kioto, construiu-se um desses jardins, ficando conhecido
como Santuário Heian. Trata-se de uns dos jardins mais alegres
e de melhor traçado do mundo, com hortos de cerejeira, maciços
imensos de azaléias e lírios, rochas cobertas por flores
e pinus, traduzindo o amor dos japoneses pela natureza.
A arte na jardinagem japonesa consiste em concentrar a atenção
sobre o essencial, seja das formas precisas ou a sutileza das matizes;
todas as plantas são extremamente valorizadas. São usadas
comumente plantas perenes, criando um quadro estável seja qual
for a estação do ano.
Idade
Média
Introdução
Considera-se
como Idade Média o período entre os séculos XV e
o XVI, período entre a Antiguidade Clássica e o Renascimento.
Um retorno à economia rural e a simplicidade de hábitos
concretizou-se neste período. O luxo e o requinte foram abandonados
e criou-se uma nova hierarquia de valores.
As construções feitas neste período eram rudes e
pesadas. As igrejas pareciam fortalezas. O verde foi praticamente banido
na vida urbana. As igrejas e mosteiros constituíram-se em centros
de toda a atividade social, qualquer espaço útil recebia
seu uso funcional, como a obtenção de alimentos ou ervas.
Em zonas amplas dos mosteiros plantavam-se árvores frutíferas,
hortaliças e se cultivavam flores para a ornamentação
dos altares.
O estilo de jardim desenvolvido nesta época constitui da mistura
desordenada e fragmentária dos estilos anteriores. O que era bem
característico era a estrutura crucial da composição.
A interseção ortogonal das alamedas e caminhos, nos jardins
construídos nos pátios internos das grandes construções
medievais, lembravam a cada momento o símbolo da religião
dominante. O estilo gótico retratava bem os jardins medievais.
Os dois estilos básicos de jardim foram os monacais e mouriscos.
Monacais
Representava uma reação ao luxo da tradição
romana. Era dividido em 4 partes: o pomar, a horta, o jardim de plantas
medicinais e o jardim de flores.Existiam áreas gramadas cercadas
e arbustos, viveiros de peixes e pássaros, além de local
para banho
Mouriscos
No século V os árabes invadiram a Pérsia, onde
tentaram implantar o islamismo. No século VI, na Espanha, os
árabes criaram os chamados "jardins da sensibilidade"
que se caracterizavam pela água, cor e perfume, com os objetivos
de sedução e encantamento. O emprego de canais, fontes
e pequenos regatos formavam um aspecto hidráulico para a irrigação
e para amenizar o calor, além do aspecto de ornamentação
destes jardins. A cerâmica e o azulejo eram bastante utilizados.
As espécies vegetais mais cultivadas foram os jasmins, os cravos,
os jacintos, as alfazemas, as rosas, as primaveras e as anêmonas.
Os jardins espanhóis representam bem a influência árabe.
As principais características destes jardins: eram de pequenas
dimensões, sem ostentação e com destino à
vida familiar.
Renascimento
Introdução
O
início do Renascimento data de meados do século XV e tal
época ficou assim conhecida devido ao ressurgimento da cultura
de um modo em geral. Houve uma renovação do pensamento no
que diz respeito às artes, às ciências, à literatura
e a filosofia. Conseqüentemente, houve o renascimento também
dos jardins e os países que mais expressaram esta renovação
foram Itália, França e Inglaterra.
Itália
Os jardins italianos desta época se inspiraram nos jardins da
Roma Antiga que possuíam muitas estátuas e fontes monumentais.
Na Itália, os sítios se encontravam nas colinas e nas
encostas, em razão das vistas panorâmicas e também
do clima. Sendo assim, foi proposto que para o aproveitamento das irregularidades
do terreno, se fizesse uso de escadarias e terraços acompanhados
de corredeiras de água. Tais jardins deveriam unir-se à
casa por meio de galerias externas e outras prolongações
arquitetônicas.
Os jardins eram tidos como centros de retiro intelectual onde sábios
e artistas podiam trabalhar e discutir no campo, longe do calor e das
moléstias do verão da cidade. A vegetação
era considerada secundária e se caracterizava por receber cortes
adquirindo formas determinadas, conhecidas anteriormente nos jardins
romanos por topiárias. Em
seguida esta mesma vegetação era distribuída pelos
terraços e, no plano mais elevado do jardim, dominando a composição,
se encontrava o palácio.
Os vegetais mais utilizados foram: o louro, o cipreste, o azinheiro
e o pinheiro entre outros vegetais característicos dos jardins-italianos
do Renascimento. O buxo era muito utilizado para as formas recortadas.
Nestes jardins a paisagem era desenhada com régua e compasso,
caracterizando a simetria de linhas geométricas. Havia também
muito contraste entre as formas naturais e as criadas pelo homem.
França
Os países da Europa seguiram a França no século
XVII, período no qual teve sua maior riqueza e poder, no que
dizia respeito a estética. A princípio, o estilo francês
se baseou nos jardins medievais, que utilizavam canteiros com flores
e ervas medicinais, sendo que havia também a horta que lhes concedia
o abastecimento. Mas, com o passar do tempo, novas idéias foram
sendo introduzidas por arquitetos italianos que trabalhavam na corte
francesa. Com isso, pode-se dizer que os jardins franceses tiveram características
semelhantes aos jardins italianos.
Como características deste estilo, podemos citar a rígida
distribuição axial, a simetria, a perspectiva, o uso de
topiárias e a sensação de grandiosidade. As formas
geométricas podiam ser percebidas tanto nos caminhos e passeios
quanto na vegetação, admitindo-se poucos desníveis.
Os principais jardins foram construídos pelo famoso arquiteto/paisagista
de Luiz XIV, André Le Notrê. Sua obra mais marcante foi
o jardim do Palácio de Versalhes.
Inglaterra
No reinado de Luiz XV, o estilo francês entrou em decadência
devido à busca exagerada da forma e simetria. De um estilo formal,
os jardins passaram a ter uma maior aproximação com a
natureza. Inspiravam-se basicamente nas idéias orientais do velho
império chinês que possuía os jardins dos acidentes
naturais. Tais jardins ficaram conhecidos como "jardins paisagísticos"
e tinham como características básicas a irregularidade
e a falta de simetria nos caminhos, que foram planejados com maior liberdade.
Além disso, não eram encontradas esculturas vegetais,
arcos e monumentos.
Esses jardins procuravam imitar a natureza em seu traçado livre
e sinuoso e a água presente se encontrava disposta em lagos ou
riachos. Tais inovações iam de encontro às idéias
do romantismo da época. A Inglaterra também teve seus
mestres paisagistas como William Kent e William Chambers, este último
foi quem introduziu a idéia chinesa nos jardins de seu país.
Um dos objetivos deste estilo descrito era que as pessoas percebessem
como jardim, toda a natureza que estava ao seu redor. As primeiras características
do jardim inglês são as seguintes:
· Linhas graciosas;
· Amplas extensões verdes (gramados);
· Ruas amplas; cômodas, em pequeno número;
· Terreno acidentado e possibilitando a visão de belas
perspectivas;
· Pequenos bosques, compostos de plantas da mesma ou de espécies
diferentes, com ou sem divergência nas colorações;
· Grupos de árvores não muito numerosas;
· Plantas isoladas;
· Plantação de árvores mortas;
· Construção de ruínas;
Este estilo foi utilizado na Inglaterra e em alguns locais da Europa,
por quase dois séculos e depois entrou em decadência, dando
lugar ao estilo misto. Os ingleses acabaram dando origem aos parques
e jardins públicos que tiveram por finalidade refrescar as áreas
urbanas.
Holanda
Os holandeses, no início, também não fugiram das
influências francesas e italianas. Porém, devido à
sua topografia plana, o hábito de cultivo das plantas bulbosas
(especialmente a tulipa) e o seu gosto pelas cores, criaram jardins
mais compactos e graciosos. São divididos em múltiplos
recintos e apresentam túneis sombreados por trepadeiras. As partes
centrais são formadas por intrincados grupos florais; fontes
douradas baixas que jorram suas águas em pequenos tanques rodeados
de ercas vivas de bordadura baixa. Os ciprestes recebiam podas, formando
círculos sobrepostos. Portões
de ferro fundido fechavam os jardins.
Brasil
A mais antiga manifestação do paisagismo no Brasil ocorreu
na primeira metade do século XVII, em Pernambuco, por obra de
Maurício de Nassau, durante a invasão holandesa, da qual
restou uma grande quantidade de laranjeiras, tangerinas e limoeiros
plantados e raros desenhos pouco nítidos de Frans Post.
A história documentada do paisagismo iniciou-se com a chegada
de Dom João VI em 1807, que destinou ao Jardim Botânico
a vocação de fomentar espécies vegetais para a
produção de carvão, matéria-prima para a
fabricação de pólvora. Foram elas:
Albizzi lebeck - Coração de Negro
Eucalyptus gigantea - Eucalipto
Melia azedarach - Cinamomo
Anadenanthera pavonia - Carolina
Mais tarde, com a transformação do Jardim Botânico
em Horto Real pelo próprio Dom João VI, outras espécies
foram introduzidas. Veja abaixo algumas delas:
Cinnamomum ceylanicum - Caneleira do Ceilão
C. canphora - Canfoeira
Murraya exotica - Falsa murta
Gardenia jasminoide - Gardênia
Aglaia odorata - Aglaia
Michelia champaca - Magnólia
Osmanthus fragans - Jasmim-do-imperador
Em 1809, Dom João VI invadiu a Guiana Francesa, revidando a ocupação
de Portugal pelos franceses. Como despojos dessa guerra, chegaram ao
Brasil espécies frutíferas como: abacateiro, lichieiro,
caramboleira, jamboeiro, jaqueira, tamarindeiro, noz-moscada, fruta-pão,
dilênia e flor-de-abril.
Contratado por Dom João VI, o agrônomo francês Paul
German introduziu inúmeras espécies entre elas: Acalifas,
Crotons, Datura, Dombeia, Furcraea, Ixora, Resedá, Jasmim-manga,
Bico-de-papagaio, Flamboyant, Árvore-do-viajante
Muitas espécies floríferas foram trazidas pelos cônsules
e embaixadores, influenciados por suas mulheres. Alguns exemplos: Agapantos,
copos-de-leite, dálias, dracenas, hibiscos, jasmins, lírios,
margaridas, cravos, rosas.
Imigrantes portugueses, introduziram espécies exóticas
e espécies nativas, como: Alamanda, amarílis, birí,
begônias, primaveras, brunfelsias, tinhorões, petúnias,
onze-horas e sálvias.
A palmeira imperial (Roystonea oleraceae), originária da Venezuela
e Colômbia chegou ao Brasil, trazidas pelos portugueses libertados
da ilha de Maurítios. Já a palmeira real (Roystonea regia),
nativa de Cuba e Porto Rico, de porte mais baixo e tronco mais grosso,
foi introduzida quase um século depois.
O paisagismo ganhou forças com os preparativos para o casamento
de D. Pedro I com a arquiduquesa da Áustria. Surgiram, desta
forma, os trabalhos do alemão Ludwig Riedel, por indicação
de Langsdorf. Este arquiteto paisagista teve grande dificuldade para
arborizar as ruas do Rio de Janeiro, trabalho que ocupou o período
de 1836 a 1860. Acreditava o povo que a sombra formada pelas árvores
era responsável pela maleita, febre amarela, sarampo e até
pelas sarnas dos escravos.
Em 1858, D. Pedro I contratou o engenheiro agrônomo Glaziov que,
pela primeira vez, usou árvores floríferas no paisagismo.
Começava o uso de: sibipiruna, pau-ferro, cássias, paineira,
jacarandá, suinã, cedro, embaúva, oiti, mirindiba,
quaresmeira e ipês.
O efeito urbanístico do Rio de Janeiro espalhou-se por outros
estados porém, pela falta de técnicos especializados,
nem sempre com um estilo coerente e bom gosto. Assim, até hoje
sobrevivem alguns arbustos tosados de diversas formas. Outros erros
foram cometidos, como o plantio de jaqueiras, coqueiros e figueiras
em praças públicas. Sem contar o uso de flamboyants na
arborização de ruas.
Fonte
de Consulta: Apostila do Curso Avançado de Paisagismo, com
direitos reservados a Gustaaf Winters Com. e Serv. Paisagísticos.
*
Daniel Camara Barcellos é engenheiro florestal, pós-graduando
em Ciência Florestal e em Fontes Alternativas de Energia.
http://members.xoom.com/graodeareia

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