Por:
Rodolfo Geiser
A formação de um jardim na cobertura de um edifício
se apresenta como uma solução viável para a integração
de áreas verdes nas grandes cidades, permitindo um maior convívio
do homem com a natureza. Conhecimento e técnicas, entretanto,
são fundamentais para um resultado seguro e bem sucedido. Nesta
matéria, o engenheiro agrônomo e paisagista Rodolfo Geiser
demonstra um projeto.
Vamos
falar a respeito de um jardim situado na cobertura de um edifício
para escritórios, onde a laje de cobertura era muito fraca e
não poderia suportar o peso resultante da execução
de um jardim - o conhecido roof garden inglês. Normalmente,
um jardim de cobertura dispõe de lajes que suportam uma camada
de terra de 30 a 40 cm., mas neste caso, mal poderíamos dispor
de uma camada de 20 cm.
A solução encontrada pode ser observada no esquema (ilustração
1) desta página: a base é num deck contíguo ao
escritório que, por sua vez, é ladeado por um piso lateral,
com uma canaleta de escoamento das águas pluviais. A área
verde é formada por um gramado, canteiros com plantas rasteiras
de espécies rústicas (como o rabo-de-gato) todas cultivadas
numa camada de terra em torno de 12 cm., e outros 5 cm. de pedras de
cinasita, como se pode analisar no corte (ilustração 2).
Junto à parede externa do edifício, projetou-se jardineiras
mais altas, tanto para encobrir o muro, como para dar um contorno ao
jardim, formando uma espécie de parede verde. As plantas que
ocupam estas jardineiras, de forma geral, são de baixo porte,
entre 30 e 60 cm. de altura, todas muito rústicas, como bromélias,
hemerocallis ou lírio-amarelo (Hemerocallis flava) , russélia
(Russelia equisetiformis), asparagus (Asparagus sprengerii)
e outras. A exceção em altura é uma Alpinea
mutans. O importante nessas jardineiras é que a terra ficou
restrita a uma camada de 20 a 25 cm., preenchendo-se o espaço
abaixo com grandes peças de isopor - que, como sabemos, ocupam
espaço e não pesam quase nada.
Os elementos mais pesados são duas caixas de 250 litros, onde
se colocou uma resedá (Lagerstroemia indica) em cada.
Tais caixas estão estrategicamente colocadas acima de lajes verticais
que compõem o andar abaixo.
segue texto na próxima
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Trata-se, portanto,
de um jardim formado em condições extremamente adversas
de cultivo, tanto pela limitação da camada de terra, quanto
pelos fortes ventos existentes nas partes mais altas dos edifícios,
o que requer uma manutenção rigorosa.
Rodolfo Geiser é engenheiro agrônomo e paisagista.
Nota:
O jardim demonstrado nesta matéria é da empresa Tevere
- Empreendimentos e Construções S/A e foi projetado em
por Rodolfo Geiser e pelo arquiteto Márcio Ferraz.

Legendas do esquema:
Ilustração 1
Anteprojeto do jardim numa cobertura de um edifício:
1. escritório do diretor
2. piso lateral
3. deck
4. gramado
5. canteiros laterais
6. parede externa do edifício
7. caixa de 250 litros para arvoreta
8. grelha para escoamento das águas pluviais
9. treliça para trepadeira
10. entrada de serviço

Legendas do corte:
Ilustração 2
Nesta cobertura, praticamente não é possível colocar
terra para cultivo, observe-se:
1. grelha
2. canaleta para escoamento das águas pluviais
3. piso lateral ao escritório
4. mureta do canteiro para o gramado
5. gramado
6. drenagem de cinasita (muito leve)
7. laje da cobertura
8. manta de bidim, para filtrar a terra
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